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Arte de Djanira é revista em São Paulo

“A paulista de Avaré levou a brasilidade ao mundo”, destacam organizadores

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Maior artista avareense de todos os tempos, Djanira da Motta e Silva ganhou uma retrospectiva no Centro Cultural Correios de São Paulo desde 3 de dezembro. Realização conjunta do Centro Cultural dos Correios, Museu Nacional de Belas Artes, Ibram e Ministério da Cultura, a exposição Djanira: Cronista de Ritos, Pintora de Costumes reuniu 120 das 813 obras do acervo do museu carioca, que cobrem os temais principais de sua pintura.
O evento reuniu óleos, têmperas, guaches, gravuras e desenhos da artista produzidos entre 1940 e 1970. A mostra, que terminou dia 5 de fevereiro, foi dividida em quatro segmentos: a pintura de caráter religioso, a paisagem, o lazer e o trabalho. Djanira, ativista social de temperamento forte, era também uma mulher religiosa, que se tornou freira carmelita em 1972 e foi enterrada descalça e com o hábito de irmã da Ordem Terceira do Carmo sete anos depois.
Sua genuína relação com o trabalhador brasileiro – tanto o lavrador como o operário – foi construída desde a infância. Abandonada ainda pequena em Santa Catarina, passou a infância à espera do retorno dos pais, trabalhando na lavoura e como cozinheira, antes de aprender a costurar. Aos 23 anos, morando em São Paulo e tuberculosa, foi internada num sanatório. Lá começou a desenhar, sobreviveu à doença, mudou-se para o Rio e criou um pequeno ateliê de costura no bairro de Santa Teresa, que logo virou uma pensão, frequentada por artistas como Milton Dacosta e Vieira da Silva.
O contato com esses pintores foi fundamental para que Djanira retomasse a pintura e frequentasse um curso noturno de desenho no Liceu de Artes e Ofícios. Paralelamente, por volta de 1940, passou a ter aulas de pintura com dois de seus hóspedes, Emeric Marcier e Milton Dacosta. Em 1943 fez sua primeira exposição individual, na Associação Brasileira de Imprensa. Dois anos depois, foi para Nova York, onde permaneceu até 1947. Nesse período, conheceu a obra de pintores como Chagall, Léger e Miró, sendo fortemente influenciada pela pintura do primeiro.
O fato de Djanira não ter formação acadêmica e dividir o imaginário dos pintores ingênuos, quase sempre idealizando a paisagem e os tipos populares, fez com que ela fosse classificada de primitiva. Mas obras premiadas como a tela O Circo (1944) provam o contrário: que a artista representava o modernismo e com sofisticação.
Nos anos 1950, depois de uma viagem pela Europa e a ex-União Soviética, suas cores ficam mais vivas, como no cartaz desenhado para a peça Orfeu da Conceição, de Vinicius Moraes e Tom Jobim, que revela nas cores e na composição o forte impacto da obra de Matisse sobre Djanira.

REPRESENTAÇÃO
Convidados, representaram a Prefeitura de Avaré na mostra retrospectiva de Djanira, a bibliotecária Suzely Dainezi, a estagiária Ana Bárbara Theodoro e o pesquisador Gesiel Júnior, biógrafo da pintora. Este último, depois de gravar entrevista sobre a vida da artista avareense para o programa “Arte na Tela”, agradeceu a curadoria da exposição pela iniciativa de “reavivar a arte genuinamente brasileira desenvolvida pela célebre pintora de Avaré, uma das mais importantes da nossa história da arte” .




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