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MOMENTO LITERÁRIO - Cora Coralina



Uma poeta e contista brasileira que publicou seu primeiro livro aos 75 anos: Cora Coralina! A menina que nasceu com o nome de Ana Lins dos Guimarães Peixoto, em Goiás, no dia 20 de agosto de 1889, só frequentou a escola até a terceira série do curso primário. Mesmo assim, a paixão pelas letras a levou à começar a escrever poemas e contos aos 14 anos. Conseguiu publicar alguns em um jornal criado por amigas e depois no anuário histórico e geográfico do estado de Goiás quando usou o pseudônimo Cora Coralina.
Em 1911, fugiu com o advogado divorciado Cantídio Tolentino Bretas e foi morar em Avaré, interior de São Paulo. Quando foi convidada para participar da semana de arte moderna de 1922, o marido proibiu. Com a morte dele em 1934, ela passou a trabalhar como doceira para sustentar os quatro filhos e viveu por muito tempo assim, mas não deixou de escrever. Costumava dizer que era mais doceira do que escritora, porque seus doces encantavam mais do que os versos que escrevia em folhas de caderno. 
Cora Coralina mudou-se para Andradina, ainda em São Paulo, onde escreveu para o jornal da cidade e em 1951 se candidatou a vereadora. Só cinco anos depois é que decidiu voltar para Goiás e com 70 anos resolveu aprender datilografia para preparar seus poemas e entregar aos editores. O sonho do primeiro livro virou realidade em 1965 quando lançou “O Poema dos Becos de Goiás e Histórias Mais”.
Aos 80 anos, Cora Coralina tomou posse na Academia Feminina de Letras e Artes de Goiás. Com 87 anos publicou a segunda obra: “Meu Livro de Cordel”, mas seu nome só ficou mais conhecido depois que o poeta Carlos Drumond de Andrade lhe fez vários elogios. E isso já era no início da década de 80. Ela passou a ser convidada para conferências e programas de televisão. Recebeu o título de doutor honoris causa da universidade federal de Goiás e foi premiada pela união brasileira dos escritores como a intelectual do ano de 1983 com o livro “Vintém de Cobre: Meias Confissões de Aninha”.
Um ano depois, Cora Coralina é nomeada para a Academia Goiânia de Letras. A doceira virou uma doce poeta, aquela que conseguiu receitas nobres nos versos e trouxe ao amargo da vida os ingredientes que nutriram uma literatura expressiva de uma época. Cora Coralina é hoje um nome de destaque e orgulho para Goiás e a casa onde morou é um museu da escritora. Ela morreu perto de completar 95 anos, em 1985. A poeta deixou escrita a sua história, as suas observações e sentimentos mais simples. Cora Coralina deixou nos versos o melhor de si como nesta poesia. O título?

SABER VIVER

NÃO SEI…
SE A VIDA É CURTA
OU LONGA DEMAIS PARA NÓS.
MAS SEI QUE NADA DO QUE VIVEMOS
TEM SENTIDO,
SE NÃO TOCARMOS O CORAÇÃO DAS PESSOAS.

MUITAS VEZES BASTA SER:
COLO QUE ACOLHE,
BRAÇO QUE ENVOLVE,
PALAVRA QUE CONFORTA,
SILÊNCIO QUE RESPEITA,
ALEGRIA QUE CONTAGIA,
LÁGRIMA QUE CORRE,
OLHAR QUE SACIA,
AMOR QUE PROMOVE.

E ISSO NÃO É COISA DE OUTRO MUNDO:
É O QUE DÁ SENTIDO À VIDA.

É O QUE FAZ COM QUE ELA
NÃO SEJA NEM CURTA,
NEM LONGA DEMAIS,
MAS QUE SEJA INTENSA,
VERDADEIRA E PURA…
ENQUANTO DURAR.

Fonte: EBC



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