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VOLTA ÀS AULAS - O que você precisa

Veja o guia com dicas que vão desde a higienização do material escolar ao cuidado com questões emocionais das crianças. 🔻


Escolas da capital paulista poderão abrir as portas para receber alunos em atividades presenciais a partir de quarta-feira, 7. Apesar de a Prefeitura ter autorizado apenas as atividades extracurriculares, como aulas de idiomas, de música e de esportes, o movimento vem sendo acompanhado com atenção: será a primeira vez em sete meses que os estudantes terão contato físico com colegas e professores.

© ALEX SILVA/ESTADAO Crianças poderão voltar a partir de 4ª feira 

A retomada vai ocorrer de forma gradual, dentro do plano definido pela Prefeitura de São Paulo. Nesta primeira fase, está permitida a volta de apenas 20% dos alunos das redes pública e privada do ensino básico. Os alunos do ensino superior também ficam liberados para reiniciar as aulas regulares.

Na próxima etapa, prevista para ocorrer a partir de 3 de novembro, estaria liberada a volta de aulas regulares no ensino básico. A mesma data foi definida por enquanto para a retomada das aulas no ensino fundamental da rede estadual.

“Uma coisa importante de entender é que esse fechamento prolongado, além de consequências mais diretas de acesso às aulas remotas, gerou problemas à saúde mental, à segurança alimentar e ao convívio social”, avalia Ítalo Dutra, chefe de educação da Unicef no Brasil.

© Felipe Rau/Estadão Colégio Bandeirantes se prepara para retomada de atividades extracurriculares

O órgão da ONU para defesa do direito das crianças acaba de lançar um guia com orientações para o retorno do setor. “A eficácia dessa retomada depende do engajamento por parte das famílias e das crianças.”

A adesão a essa retomada depende de cada instituição, que terá autonomia para decidir se abrirá ou não as portas.

As famílias também poderão decidir se querem as crianças no colégio. Ou não.

© Daniel Teixeira/ Estadão Primeiro dia de testagem de professores, alunos e servidores da rede municipal de ensino no ponto de coleta na EMEF Professor Maximo de Moura, zona norte de Sao Paulo 

Para ajudar os pais e os responsáveis que optaram pela volta às aulas, o Estadão preparou um guia com dicas que vão desde a higienização do material escolar ao cuidado com questões emocionais das crianças. Confira abaixo.

  • Como reintroduzir a atividade escolar na rotina?

Para o pesquisador em neuropsicologia Paulo Sérgio Boggio, do Mackenzie, os pais precisam ouvir os filhos. “Após tanto tempo de quarentena, os complicadores são a capacidade de regulação emocional e o quanto é possível controlar as emoções e o impacto delas nas ações.”

  • Como explicar a necessidade de distanciamento social sem causar medo?

A palavra-chave é o equilíbrio, aponta Boggio. “Se os pais colocarem uma carga pesada de informações negativas, podem induzir o estresse. Por outro lado, se a informação não chegar da forma correta, aumenta a possibilidade de a criança se infectar”, afirma. “A mensagem tem de ser de acordo com a idade.”

  • É preciso fazer teste de covid-19 antes da volta?

Não é necessário, diz Fausto Flor Carvalho, chefe do departamento de Saúde Escolar da Sociedade de Pediatria de São Paulo. Ele explica que o teste mais eficiente, o RT-PCR (swab nasal e oral), é caro e agressivo para crianças.

  • A carteira de vacinação precisa estar em dia antes do retorno?

Sim. O melhor é que a criança tome a dose mesmo que já tenha passado o prazo, porque isso permite ao clínico diferenciar o diagnóstico no surgimento de um sintoma.

  • Como posso observar o surgimento de sintomas?

“A maior parte das crianças não tem sintomas”, lembra Carvalho. “Então, o acompanhamento é complexo.” Os possíveis sintomas são a coriza e a diarreia, além da febre.

  • Que cuidados a criança deve tomar no transporte para a escola?

Carvalho indica o uso de máscara para crianças a partir de 2 anos, além de álcool na entrada e na saída. É recomendável que veículos usem apenas de 30% a 40% de sua lotação e deixem as janelas abertas.

  • É preciso enviar máscaras próprias? Quantas?

Outros países têm orientado que as crianças troquem de máscara a cada duas horas e lavem as mãos com água e sabão ou passem álcool em gel no mesmo intervalo. “No Brasil, sabemos que nem todos têm condições financeiras de fazer isso. Então, o ideal é usar uma máscara na ida para a escola, outra durante a aula e trocar por uma nova na hora de voltar”, explica Carvalho.

  • Meu filho pode tirar a máscara em algum momento?

Idealmente, não. Ainda assim, é possível que algumas crianças tenham dificuldade de ficar o tempo todo com a máscara. Nesses casos, é aconselhável que, se ela for retirada, isso ocorra em espaço aberto.

  • Como evitar que ele coce os olhos e coloque a mão na boca ou no rosto?

“É importante que os pais já trabalhem isso antes da volta à escola”, diz Carvalho. Ele explica que é preciso que professores redobrem a atenção com crianças entre 2 e 6 anos.

  • Com que frequência ele deve higienizar as mãos?

O ideal seria fazer isso a cada duas horas. Ou sempre que tocar no rosto, além de no início e no fim da aula.

  • Ele pode se sentar com amiguinhos?

Não. Os professores vão precisar ser criativos nas atividades que antes eram feitas em dupla ou grupo e para impedir que se aproximem para brincar. Na Coreia do Sul, por exemplo, os professores deram asas de anjos para as crianças, para ajudá-las a manter a distância de 1,5 metro.

  • Há risco em pedir material escolar emprestado?

A recomendação é que cada um tenha o seu material. Quando não houver essa possibilidade, é preciso passar álcool antes e depois do uso. Ao chegar em casa, o material deve ser lavado com água e sabão ou exposto ao sol.

  • A merenda da escola é segura?

“Se tiver oportunidade de levar o lanche, é preferível. Mas sabemos que muitas crianças dependem da refeição escolar”, observa Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia. Ele diz que é preciso que as responsáveis pela merenda sejam treinadas e que haja rodízio no refeitório.

  • Como identificar crises de ansiedade?

Segundo Boggio, alguns dos sintomas de ansiedade e pânico mais comuns são: tensão no corpo, falta de comunicação, semblante assustado, aumento na transpiração e nos batimentos cardíacos.

DO ESTADÃO

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