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Estudante de 21 anos que morreu de infarto no ES não tinha problemas de saúde, diz família

JORNAL DO GUMA

Da Folha Vitória

  • Entenda as diferenças entre os problemas cardíacos 
   de rede social

A estudante de arquitetura Letícia Caliman Baptisti, de 21 anos, que morreu após passar mal em casa, em Venda Nova do Imigrante, Região Serrana do Espírito Santo, tinha uma vida saudável, não sofria de problemas de saúde e não tinha histórico familiar de doenças cardíacas. 

A informação é do deputado Federal Evair de Melo (PP-ES), tio da jovem. Letícia era estudante do Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), no campus Colatina, e morreu na tarde de segunda-feira (24). 

À reportagem do jornal online Folha Vitória, o deputado contou que a sobrinha havia saído do escritório de arquitetura onde estagiava, em Venda Nova, e ido para a casa da mãe, na hora do almoço. Logo depois, a jovem sentiu uma forte dor e disse para a mãe que estava passando muito mal. 

"A mãe dela mora no segunda andar do prédio. Assim que ela subiu as escadas, falou que estava se sentindo mal. A mãe dela a abraçou e a colocou na cadeira, mas ela já caiu desacordada. Tentaram reanimá-la, mas ela não reagia. Então colocaram ela no carro e a levaram para o hospital, que fica perto. Pelo tempo que tinha passado, ela ainda tinha chances de sobreviver", contou. 

"Ela era como uma filha para mim"

O deputado contou ainda que a equipe médica ficou cerca de uma hora e 20 minutos tentando reanimar a sobrinha, mas infelizmente ela não resistiu. 

"Os médicos disseram que ela sofreu um infarto fulminante. É muito triste. Ela era como uma filha para mim", lamentou.

Evair de Melo ressaltou ainda que a sobrinha não tinha nenhum problema de saúde e que não há histórico de doenças cardíacas na família.

Entenda as diferenças entre os problemas cardíacos


A equipe do Folha Vitória conversou com dois médicos cardiologistas, que não tiveram acesso ao caso de Letícia, mas que explicaram as principais causas de mortes entre jovens, envolvendo problemas no coração. O cardiologista Roberto Ramos Barbosa explicou que há uma diferença entre parada cardíaca, infarto e morte súbita.

"A parada cardíaca é a mesma coisa que parada cardiorrespiratória. Ela acontece quando o coração tem um problema de respiração, incapaz de bombear o sangue para o corpo. Se atendida a tempo, pode ser revertida. Todo óbito acontece de uma parada cardiorrespiratória, mas nem toda parada pode levar a um óbito", explicou Barbosa.

O infarto, segundo o médico, é o sofrimento do músculo cardiovascular e acontece quando há uma obstrução das artérias. De acordo com Roberto Barbosa, geralmente ele é mais grave.

Já a morte súbita é uma grande piora clínica. Trata-se de uma emergência médica durante uma parada cardíaca súbita, mas que pode ser revertida, se identificada a tempo.

Barbosa alerta que as pessoas devem ficar atentas a alguns sintomas, que podem indicar alguma doença cardíaca. Entre eles, está a dor no peito que piora durante o esforço; falta de ar muito intensa em esforços comuns do dia a dia; e palpitações, que devem ser investigadas quando muito intensas. Caso um desses sintomas seja identificado, a pessoa deve procurar atendimento médico o quanto antes.

Morte súbita

Sobre a morte súbita, o também cardiologista José Guilherme Cazelli destaca que, em pessoas mais jovens, geralmente ela é causada por alguma doença cardíaca que aquela pessoa já tinha. Segundo ele, o fator genético é preponderante para o aparecimento de uma cardiopatia, que pode ter início no nascimento da pessoa ou até mesmo durante sua gestação.

"As principais doenças cardíacas são a miocardiopatia, que é um problema no músculo do coração; a arritmia, que é a alteração no ritmo das batidas do coração; e a obstrução das artérias coronárias, responsáveis por irrigar o músculo do coração", explicou.

Cazelli ressaltou ainda que uma quarta causa de morte súbita tem se tornado mais comum no último ano, principalmente depois do início da pandemia da covid-19. Trata-se da miocardite, que é a inflamação do músculo do coração. Segundo ele, o problema pode ser uma sequela provocada pelo coronavírus no organismo humano.

"Essa inflamação desorganiza a parte estrutural e a parte elétrica do coração e afeta principalmente os que praticam atividades físicas. Por isso, os jovens que voltam a fazer atividades físicas depois de terem tido a covid precisam de um acompanhamento médico mais próximo", frisou.

O cardiologista explicou ainda que a sequela tem sido observada tanto em pacientes que desenvolvem as formas mais graves da covid-19, e precisam ser hospitalizados, quanto naqueles que apresentam sintomas mais leves e fazem o tratamento em casa.

"Quanto mais sintomas graves, mais sequelas a pessoa pode ter. Aproximadamente 50% dos pacientes que são hospitalizados com a covid-19 acabam desenvolvendo alguma alteração que levante a suspeita de uma inflamação no músculo cardíaco", salientou.

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