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Fim de relacionamento é um processo de luto que precisa ser vivido

JORNAL DO GUMA/REVISTA MULHER EM EVIDÊNCIA
Do Alto Altral

Assim como acontece por causa da morte de um ente querido, vivenciar os estágios do luto quando um casamento ou namoro chega ao fim é essencial para enfrentar a perda e seguir em frente. É comum, para muita gente, querer fugir da dor e do vazio procurando rapidamente um novo amor, se jogando no trabalhando ou distraindo-se de todas as formas possíveis. São maneiras de tentar convencerem a si mesmas e aos outros que estão bem, mas o sofrimento adiado pode dar as caras em algum momento e aí a agonia vai ser bem pior.
© Shutterstock Enfrentar fases como raiva e tristeza ajudam a lidar com o fim do relacionamento

É importante processar a perda, conversar a respeito com os amigos e compreender seus sentimentos sem deixar de lado o desconforto da situação. Não é um processo fácil, mas tudo isso facilitará a superação. Por isso, é importante que as pessoas conheçam como é cada etapa do processo de luto para reconhecer qual delas está vivenciando e, assim, adotar estratégias saudáveis para lidar com cada uma. Muitas vezes a pessoa vai e volta algumas vezes em uma mesma fase, até que esteja se sentido emocionalmente.

O ideal é respeitar esse processo, dar espaço para sentir a dor da perda, não fazer cobranças nem achar que é preciso ficar bem logo. Muita gente aparenta ter refeito a vida em pouco tempo, mas ainda há muitas pendências, mágoas, ciúmes. O luto tem começo, meio e fim, portanto, não dura para sempre. Nada mais produtivo, então, do que entender os seus estágios.

Principais etapas do luto por um rompimento amoroso

Negação

É um estado de choque, costuma-se dizer que é quando ainda não caiu a ficha, como se a pessoa estivesse anestesiada. É mais intensa para quem leva o "cartão vermelho" ou sofre uma traição - por mais que a relação estivesse péssima, o ponto final sempre provoca um baque. Para algumas pessoas, o esse estágio pode ser marcado por fantasias e esperanças de que vão reatar. A negação é um mecanismo de defesa do ser humano. Diante da dificuldade de aceitar a dor, é melhor negá-la para tentar não sofrer.

Raiva

Fase em a pessoa pode ter raiva de si mesma, se estiver sofrendo, e concluir que a responsabilidade pela separação foi dela. A pessoa fica hostil, pode perder a confiança nos relacionamentos, sente-se injustiçada, vitimada, não merecedora de tanta dor. Outra situação comum é falar mal do ex para as pessoas, tentando provar para o mundo o quanto ele é ruim, e ligar para ele a fim de tirar satisfações, ofender, ameaçar, reclamar, acusar. É uma fase muito nociva em que toda a mágoa represada pode se manifestar. Por trás de tanta agressividade, há muita tristeza.

Barganha ou negociação

Nesse momento do luto a pessoa muda o tom, faz promessas de mudança de comportamento ao outro, perdoa traições, pede chances de tentar novamente, apela para amigos, parentes, advogados, psicólogos, cartomantes... A pessoa faz o que for preciso para que as coisas voltem a ser como eram. Há uma impressão equivocada de que todo sofrimento é pelo amor que sente pelo ex, mas outras circunstâncias podem estar envolvidas: dor da solidão, do abandono, da perda de uma posição social, mágoa pelo fim de uma idealização de relação ou família, entre outros fatores.

Tristeza

A pessoa admite a perda e aceita que não há volta. Entende, enfim, que terá que aprender a viver com o vazio, com as saudades, com a nova realidade. É uma etapa em que se chora muito e tem a impressão que a dor nunca será aplacada. É importante que amigos e familiares prestem atenção, se a própria pessoa não o conseguir, no fato de a tristeza se mostrar exacerbada, pois se for pode desencadear uma depressão.

Aceitação

Depois de lágrimas, dor, isolamento, raiva, sofrimento, começa a brilhar uma luz no fim do túnel e é hora de seguir a vida e aceitar a nova realidade, colocar ordem em tudo que foi deixado de lado ou que foi bagunçado durante esse processo. É hora de retomar a atenção dedicada ao trabalho, à casa, às finanças, à saúde física e mental. A partir da assimilação da nova realidade a pessoa estará pronta para preencher o vazio com outras amizades, planos, sonhos e até quem sabe, um novo amor.

  • Fontes: Joselene L. Alvim, psicóloga especialista em neuropsicologia pelo setor de neurologia do HCFMUSP (Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) e coordenadora do curso de especialização em neuropsicologia da Unoeste (Universidade do Oeste Paulista), e Triana Portal, psicóloga clínica e terapeuta de casal de São Paulo (SP).
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