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Um perigo chamado Telegram

 JORNAL DO GUMA

Da Seleções

© Olga Ihnatsyeva/iStock Um perigo chamado Telegram

Com a proximidade das eleições presidenciais de 2022, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) está estudando a possibilidade de banir o Telegram do Brasil. Segundo Luís Roberto Barroso, presidente da Corte, os responsáveis pelo mensageiro vêm ignorando as tentativas de contato das autoridades nacionais para tratar de assuntos relacionados à disseminação de fake news.

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Barroso conta que já tentou contato por e-mail e até mesmo enviou ofício por correspondência física aos Emirados Árabes, sede da empresa — entretanto, de acordo com uma reportagem publicada pelo Valor esta semana, as entregas não são concluídas porque ninguém foi localizado no suposto endereço do Telegram.

O CEO do Telegram, o russo Pavel Durov, costuma ser bastante ativo nas redes e em seu próprio canal do mensageiro quando o assunto é “bater” na concorrência, em especial no WhatsApp, de Mark Zuckerberg.

Apesar disso, se mantém em silêncio enquanto o Brasil busca parceria para conter a crescente onda de desinformação que se espalha em grupos e canais na plataforma.

O Telegram é um aplicativo bastante usado por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro e um dos principais canais usados para desinformação eleitoral no país, de acordo com o TSE. Ele já está instalado em mais de 50% dos celulares no Brasil.

O submundo do Telegram é assustador

Para quem é pouco familiarizado com a plataforma, cabe uma breve explicação: o Telegram é semelhante ao WhatsApp até certo ponto — a sua maior flexibilidade para uso entre dispositivos e recursos mais avançados (incluindo canais de transmissão para até 200 mil participantes) acabam sendo terra fértil para propaganda em massa de grupos que espalham teorias da conspiração, fake news e promovem ilegalidades.

Não à toa, o Telegram é alvo de ações antipirataria em várias partes do mundo — há diversos canais no mensageiro para troca de conteúdo de filmes e séries de forma ilegal.

E as coisas ficam piores: uma matéria publicada pelo Globo em outubro mostrou o potencial da plataforma de ser uma alternativa à dark web, com espaço para pornografia infantil, venda de armas e drogas, e promoção ao nazismo.

O mais grave é que o mensageiro não parece querer cooperar para evitar que determinados tipos de fake news circulem. Cabe lembrar: o WhatsApp, por outro lado, mantém um acordo de cooperação com o TSE desde 2020 — bem como outras redes sociais, como o Facebook e o Twitter —, e em 2020 baniu mais de mil contas por propagarem desinformação.

Ana Marques - Revista Seleções

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