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PÁGINA DE DOMINGO "Daisuke Inoue, o criador do karaokê que não patenteou sua invenção – e não se arrepende"

 JORNAL DO GUMA 

Do  Hypeness

© Vitor Paiva Scarlett Johansson em cena de Encontros e Desencontros

A invenção do karaokê completa 50 anos em 2021, em criação que teria recolhido mais de 100 milhões de dólares somente em um ano ao seu criador. O músico e empresário japonês Daisuke Inoue, nome por trás da primeira máquina de karaokê do mundo, não ganhou, porém, um mísero centavo com sua invenção, e não se arrepende de tal decisão: ao desenvolver a Juke 8 em 1971, Inoue deseja somente oferecer ao mundo a possibilidade de cantar – e, em nome do acesso e da diversão, não patenteou sua criação.

© Vitor Paiva Daisuke Inoue com a Juke8

Daisuke Inoue com sua criação original © Reedit

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Quem enriqueceu com o desenvolvimento o karaokê foi o filipino Roberto del Rosario que, em 1975, registrou a patente do Sing Along System, o primeiro sistema para se cantar junto, como a tradução do nome sugere, comercializado – iniciando “oficialmente” assim um mercado que hoje é avaliado em cerca de 10 bilhões de dólares em todo o mundo. A febre de se cantar sobre uma base gravada começou antes mesmo da invenção do Juke 8 por Inoue, mas também no Japão: com Toshiharu Yamashita, um professor de canto que começou a vender cartuchos semelhantes às fitas cassete – os famosos Stereo 8 ou 8-track – com as bases gravadas.

© Vitor Paiva Juke 8

Juke 8 em foto da época de sua criação

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Ao mesmo tempo o então baterista Inoue concluiu o desenvolvimento de uma máquina especialmente para oferecer as gravações eletrônicas com um microfone acoplado para que qualquer um pudesse cantar com uma base musical devida. A ideia surgiu diante dos recorrentes pedidos que Inoue recebia justamente por gravações com as bases das canções tocadas por sua banda – para que todos pudessem cantar quando quisessem. A Juke 8 funcionava com a inserção de uma moeda de 100 yens, e ao invés de vender os aparelhos, Inoue os alugava, fornecendo também novas canções para o repertório das máquinas, que inicialmente foram instaladas em restaurantes e hotéis – em pouco tempo, porém, a mania tomaria o mundo.

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A primeira Juke 8 custou cerca de 425 dólares para ser fabricada, e as bases foram gravadas por sua própria banda – em um ano, eram mais de 25 mil máquinas espalhadas por todo Japão, e em pouco tempo as vendas de sua empresa estava lucrando 100 milhões de dólares por ano. A riqueza, porém, lhe trouxe tristeza, e ele então passou o controle da empresa ao seu irmão e abandonou o mercado: “eu só queria ensinar o mundo a cantar em perfeita harmonia”, comentou.

© Vitor Paiva Daisuke Inoue

Inoue nos anos 60 em seus tempos de baterista

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Inoue tem 81 anos e não se arrepende de não ter patenteado sua invenção – que, segundo reflexão do próprio, possivelmente não teria se tornado mania caso tivesse registrado e controlado o desenvolvimento em todo o mundo do fenômeno do karaokê. E se sua criação hoje não lhe dá os tantos milhões de dólares que rende, o karaokê lhe traz louros e prêmios sem precedentes: em 1999, Inoue foi eleito pela Revista Time como uma das 20 pessoas asiáticas mais importantes do século XX. “O desejo de cantar é comum à maioria das pessoas, creio eu, e o karaokê lhes dá a oportunidade de se sentir como estrelas”, comentou, em reportagem do jornal chinês South China Morning Post. “Quando vejo alguém cantando, é isso que penso”.

© Vitor Paiva Daisuke Inoue

Daisuke Inoue não se arrepende de não ter patenteado o karaokê

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