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Mercado de trabalho registra avanços contra o etarismo, mas contratações de profissionais 50+ ainda são minoria

Na contramão da grande maioria das empresas, instituições como o Banco Mercantil têm investido e contratado cada vez mais pessoas nessa faixa etária, promovendo inclusão e diversidade em seu quadro de colaboradores

JORNAL DO GUMA

Da Assessoria

ilustrativa

Embora tenham aumentado nos últimos tempos, as vagas de emprego para profissionais com 50 anos ou mais ainda são minoria. É o que atesta pesquisa realizada, no ano passado, pela empresa Ernst & Young e pela agência Maturi. Segundo os dados, apenas 6 a 10% das 200 empresas entrevistadas, em todo Brasil, contratam profissionais nessa faixa etária. Ainda conforme o estudo, 78% das empresas possuem políticas para barrar vagas para quem chegou ou passou dos 50.

Outra pesquisa de 2021, do portal de empregos Infojobs, revelou que, do total de colaboradores no mercado de trabalho brasileiro, somente 5%, em média, são 50+.

Na contramão dessas estatísticas, está o Banco Mercantil, que vem aumentando o número de profissionais 50+ em seu quadro. Atualmente, 11% da base de colaboradores está nessa faixa etária, o dobro da média de mercado. “Para nós, o importante é ter os conhecimentos técnicos e as características comportamentais alinhadas às vagas ofertadas. Idade para nós não é uma questão”, assegura Priscila Lopes, gerente de Talentos e Cultura do Mercantil. s. De acordo com a profissional, essa é uma missão da companhia e a empresa segue elaborando estratégias para aumentar o índice. “Lançamos há pouco tempo a hashtag #OportunidadeSemIdade, uma campanha para atrair talentos com mais de 50 anos. Tivemos um aumento de 51% nos acessos à nossa página de carreiras, com aproximadamente 3.500 pessoas atingidas por mês no LinkedIn”, acrescenta.

Foi por conta dessa postura que o Banco Mercantil promoveu uma verdadeira transformação na vida de Sueli Regina de Oliveira Barbosa, 52 anos, colaboradora da instituição há seis meses. Formada em Teologia e Ciências Contábeis, ela ficou quase três anos desempregada e viu de perto o preconceito. “Nesse período, participei de diversos processos seletivos. Era aprovada nas entrevistas, tudo corria bem. Quando falava a minha idade, as coisas mudavam. O retorno era sempre o mesmo: as empresas enviavam uma mensagem elogiando meu perfil, mas que preferiam continuar o processo com outro perfil mais adequado à vaga”, conta.

A sorte de Sueli mudou no início deste ano quando, praticamente sem esperanças, elaborou 20 currículos e foi distribuí-los pessoalmente, de “porta em porta”. “Passei na agência do Mercantil em Santa Luzia e entreguei meu currículo ao gerente, apenas por entregar. Nem imaginava que pudesse ter qualquer chance ali. Quinze dias depois, para minha surpresa, o banco me ligou para uma entrevista. Fui aprovada em todas as etapas, fui contratada e estou trabalhando”, comemora.

“Trabalho com o mesmo afinco e produtividade dos meus colegas mais jovens. Assim como eles, bato minhas metas, cumpro meus horários e dou sempre o meu melhor”, diz.

Recolocada, agora Sueli espera que outras empresas possam se inspirar no Mercantil e nas demais empresas que têm buscado a diversidade geracional como estratégia e aberto suas portas para os profissionais maduros mostrarem seu potencial. “Conheço vários profissionais brilhantes que não conseguem recolocação no mercado porque já passaram dos 50. Infelizmente, há uma crença forte e equivocada de que pessoas nessa faixa etária não têm habilidades com as ferramentas tecnológicas e não vão se adaptar ao ambiente de trabalho predominantemente jovem”, analisa.

Cultura etarista

Gerente de Talentos e Cultura do Banco Mercantil, Priscila Lopes observa que a questão do etarismo está tão arraigada culturalmente que, muitas vezes, os próprios profissionais sequer se candidatam às vagas disponibilizadas, por acharem que elas são inacessíveis.   

De acordo com ela, para vencer isso, o Mercantil vem investindo em campanhas de conscientização e mobilização de todos os seus colaboradores, em diferentes níveis hierárquicos, enfatizando a importância de um ambiente diverso, respeitoso, colaborativo e livre de qualquer preconceito.  

“Também reforçamos em campanhas externas a diversidade dos processos seletivos, que não excluem os candidatos por questões como idade. Transmitimos isso em textos e imagens que compartilhamos no Linkedin e em campanhas. Procuramos sempre ser atrativos para os profissionais 50+, que agregam muito ao nosso time. O conhecimento e as experiências de vida deles contribuem para olharmos os problemas com mais serenidade, buscando encontrar soluções mais eficazes”, destaca.

Priscila Lopes acredita que, em um futuro bem próximo, a idade não mais será vista como um empecilho no mundo corporativo. “A pirâmide etária do Brasil mudou, já está invertendo. Daqui a pouco tempo, os profissionais 50+ serão maioria (conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística- IBGE, em 2040, estima-se que em cada dez trabalhadores brasileiros, seis terão mais de 45 anos). Por isso, precisamos fortalecer a cultura inclusiva e aumentar a empregabilidade dos profissionais 50+”, encerra.

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