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Maksoud Plaza, hotel ícone de SP, fecha as portas nesta terça após 42 anos de atividade

JORNAL DO GUMA 
Do Estadão

    Foto Internet

Um dos ícones da hotelaria de São Paulo, o Maksoud Plaza anunciou o encerramento das atividades nesta terça-feira, 7, aos 42 anos. O espaço — que esteve no auge nos anos 1980 e 1990 e recebeu celebridades nacionais e internacionais, como Frank Sinatra — continuará a existir enquanto marca.

Em crise, o hotel estava em recuperação judicial desde 2020, cuja ação apontava dívida de R$ 81 milhões. Em nota assinada pela administradora (HM Hotéis) e a controladora (Hidroservice Engenharia), o fechamento é atribuído à “crise da covid-19” e ao “plano de reestruturação do Grupo Hidroservice”. Uma reportagem publicada pelo Estadão em 2020 também apontou que o espaço era alvo de uma longa disputa familiar.

© Felipe Rau/Estadão - 07/12/2021 Entrada do icônico Maksoud Plaza, em São Paulo; hotel fechou as portas na terça-feira, 7

O comunicado aponta que novidades e novos empreendimentos serão anunciados “em breve”, sem trazer detalhes. O espaço físico do hotel foi a leilão judicial em 2011 (por causa de dívidas trabalhistas), no qual foi arrematado por R$ 70 milhões pelos Fernando Simões e Jussara Elaine Simões (ligados à JSL Logística), porém a venda foi questionada por anos na Justiça. O espaço deve ser entregue até o fim do mês aos donos.

Em nota, os proprietários do imóvel destacaram que a 

"arrematação se restringe ao imóvel, não envolvendo, portanto, nenhuma das atividades antes exercidas no local", 

sem informar detalhes sobre os planos para o espaço. 

O endereço — na Rua São Carlos do Pinhal, região da Avenida Paulista — tornou-se uma referência pela fachada colorida, os elevadores panorâmicos e a vista do centro expandido paulistano.

© RAFAEL ARBEX/ESTADÃO - 17/06/2014 Na Copa de 2014, um telão foi instalado no saguão do Maksoud para que hóspedes acompanhassem os jogos.

O comunicado do hotel ainda lembra os mais de 3 milhões de pessoas que se hospedaram em seus 416 quartos. Segundo ele, os clientes com reservas agendadas serão “imediatamente” reembolsados. No local, também havia um centro de eventos, teatro, algumas lojas, restaurante e bares, incluindo o premiado Frank Bar.

Nesta terça-feira, o acesso ao local estava fechado com gradis. Na parte interna, os 150 funcionários têm desmontado e embalado os móveis.

Aos seguranças que garantiam a restrição do acesso, pessoas têm parado e perguntado sobre o destino do hotel. A assistente de contabilidade Juliana Alcantara, de 32 anos, conseguiu, contudo, uma autorização para se aproximar e tirar uma foto da entrada. Ela diz ter duvidado e, por isso, resolveu ir até a frente do local, onde se casou há 10 anos. 

"Esse lugar faz parte da minha história", 

comentou, emocionada.

Vizinhos também têm lamentdo o fechamento do endereço histórico também do ponto de vista comercial. Estabelecimentos como o Pão de Ló e a Casinha Mineira calculam que o movimento deve cair 20% sem os hóspedes e os eventos realizados no hotel.

 "Justo agora que estávamos saindo da pandemia", 

lamenta Genésia Castro. Elisângela, dona da floricultura Solo Verde, na entrada do hotel, ainda não consegue comentar o "trauma", como classificou a funcionária Marisa. 

"Ela está abalada".

Hotel recebeu celebridades internacionais e se tornou marco de São Paulo

O hotel foi fundado em 9 de setembro de 1979 após três anos de obras no terreno onde antes funcionava uma abadia de monjas beneditinas. Naquele momento, a Avenida Paulista era o centro financeiro de São Paulo.

Nas décadas seguintes, atraiu empresários, celebridades e autoridades. O espaço tornou-se um dos mais luxuosos espaços de hotelaria no País e referência em luxo e hospedagem cinco estrelas, liderado durante a maior parte de sua história por seu idealizador, o engenheiro Henry Maksoud, morto em 2014.

O edifício em que funcionava também é uma referência na paisagem da região da Avenida Paulista, pela mistura de cores da fachada, com projeto arquitetônico de Paulo Lúcio de Brito. No interior, destacava-se pelos elevadores panorâmicos, a vegetação suspensa, o grande vão entre os andares de apartamentos, a piscina com detalhes em ouro, o espelho d’água, o carpete verde e o teto de vidro, pelo qual a luminosidade desenhava linhas variadas nos corredores.

A presença de esculturas e pinturas também era um elemento predominante, com obras de Maria Bonomi, Yutaka Toyota e Tomie Ohtake. Embora tenha passado por modernizações ao longo das décadas, a maioria dos quartos e outros espaços do hotel mantinham o estilo dos tempos áureos, com móveis em madeira e interfones antigos.

Um de seus momentos mais marcantes foi um show de Frank Sinatra, em 1981, no salão nobre do hotel. Entre os espaços icônicos que abriu, estão o restaurante La Cuisine du Soleil, de 1889, concebido por Roger Vergé (então considerado um dos melhores chefs do mundo) e o 150 Night Club, boate e clube de jazz que recebeu nomes como Buddy Guy, Julio Iglesias, Tom Jobim, Tim Maia, Gonzaguinha e Dorival Caymmi.

Nas primeiras décadas, hospedou nomes conhecidos nacional e internacionalmente, como Margareth Thatcher, integrantes dos Rolling Stones, Ray Charles, Catherine Deneuve e Pedro Almodóvar, dentre outros. Mais recentemente, já não tinha o glamour das primeiras décadas e oferecia hospedagens a preços mais acessíveis à classe média.
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