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ARQUIVO HISTÓRICO "GRASSI primeira marca de ônibus brasileira "

AUTO FALANTE

Dando continuidade ao assunto, que iniciamos semana passada, vamos falar hoje, baseado no vídeo do Canal VOLANTÃO, sobre ÕNIBUS.

Conheça a história da Grassi.

Fernanda Castellucci

ACERVO: DULCIDIO (TAMBÉM COLECIONADOR DE MINIATURAS DE ONIBUS)

Era 1889 quando o futuro fundador da Grassi, Luigi Grassi, viria para o Brasil, ele era pintor de carruagens na Itália,  e com seu irmão Fortunato, foi contratado para trabalhar como pintor dos palacetes que a burguesia do café   construía na capital de São Paulo. Em 1904 os irmãos decidem abrir seu próprio negócio e fundam, no centro da cidade, a firma Luiz Grassi & Irmão, com o objetivo de reparar e construir carruagens de tração animal.

 

Foi em 1911 que a Grassi construiu seu primeiro ônibus, montado sobre chassi francês De Dion-Bouton por encomenda da Hospedaria dos Imigrantes, e alguns anos depois, 1920, abandonava a fabricação de veículos de tração animal e se mudou para instalações mais amplas, se dedicando à fabricação de veículos maiores, ainda de madeira.

A década de 30 foi determinante para o crescimento da empresa, que assumia como atividade principal o fornecimento de carrocerias de ônibus, a Grassi manteve-se atenta à evolução da indústria automobilística mundial, respondendo às demandas apresentadas pelo crescente mercado dos transportes coletivos de passageiros, uma de suas peculiares criações, por exemplo, foi uma carroceria rodoviária de dois níveis, de 1934, construída sobre o gigantesco chassi inglês Thornycroft, utilizada nas ligações São Paulo-Santos e Rio-Petrópolis, e por aqui apelidado de King-Kong, contemporâneo dele foi o primeiro Grassi sem o capô de caminhão, foi um urbano sobre chassi Volvo,  apelidado Sinfonia Inacabada.

Os anos 50 se iniciam com a Grassi firmemente estabelecida como mais importante fabricante brasileiro de carrocerias, e já com várias concorrentes surgindo, como Caio, Nielson,  Brasinca, e Incasel, a Grassi aumentava sua capacidade produtiva, e abandona definitivamente o uso da madeira, substituindo-a por estruturas inteiramente metálicas, incluindo chapas de alumínio no revestimento externo. 

Em 1958, a Grassi apresentava uma gama de produtos de reconhecida solidez e qualidade, embora tenha reencarroçado chassis usados importados, dentre eles, os famosos GM Coach, trabalhava majoritariamente com veículos nacionais, como os Mercedes-Benz L-312 e LP-321, populares como lotações, e os chassis de caminhão Ford e Chevrolet a gasolina, para os quais preparou o rústico Sertanejo, com capô e semi-cabine, “para o transporte urbano e intermunicipal”.

Curiosamente, também em 1958 a Grassi concluiu o protótipo do primeiro trólebus de fabricação nacional, projeto de carroceria integral de 14 metros, desenvolvido desde 1956 em conjunto com a Villares que fornecia os motores de tração.

Em 1962 o estilo das carrocerias de ônibus Grassi foi totalmente alterado, para linhas mais suaves, para-brisas dianteiros levemente curvos, janelas laterais duplas e quatro faróis, dois anos depois, quando ainda era considerada a maior fábrica de carrocerias da América do Sul, lança o rodoviário Argonauta, a versão de estrada do modelo urbano, entre outros, o também rodoviários com chassi FNM.

Nesse meados dos anos 60, a Grassi aparentemente perdeu o rumo. Apesar de seu passado e da tradição de qualidade, a empresa descuidou da modernização administrativa e da renovação dos produtos, passando a sentir o peso da concorrência. Prestes a entrar em crise, em 1965 transferiu o controle acionário para o Grupo Walter Godoy (Crisval), apresentado planos ambiciosos e novos projetos, todos de vida curta e péssima qualidade e viabilidade. Ainda em 1965 preparou o rodoviário Presidente, projetado a partir do Argonauta, no V Salão do Automóvel, no ano seguinte, mostrou o novo urbano Governador, além de mais um rodoviário, desta vez sobre chassi Scania, com as cores do Expresso Brasileiro e luxuoso acabamento.

No VI Salã do automóvel, em 1968, foram lançados o rodoviário Presidencial, preparado para plataformas com motor traseiro, e o urbano Panorâmico, com para-brisas intercambiáveis, duas janelas de emergência, linhas retas e teto plano, acompanhando a moda da época, modelo que não entrou em produção

Em 1969, o controle da encarroçadora foi assumido pela Itatiaia, mais antiga concessionária Mercedes-Benz de São Paulo, mas essa nova troca de controle em tão pouco tempo não foi suficiente para preservar a Grassi da crise que dominou o setor no final da década, o que exigiria da empresa estruturas de gestão mais sólidas e instalações industriais muito mais modernas, o que que efetivamente jamais ocorria. Os novos controladores decidiram interromper a produção e, no final de 1970, colocaram à venda as instalações da empresa, dando fim à carreira da mais antiga indústria de veículos do país, que a partir de 1904 foi uma verdadeira escola para a indústria de ônibus no Brasil, com modelos que marcaram época através de antigas empresas de transporte no passado.

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