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CASA OLIN Envase: mostra coletiva com artistas de Avaré

Exposição que esta  acontecendo na Casa Olim em SP inaugurada esse mês, de Paula Souza do Manacá de Avaré..
Ela convidou 7 artistas para fazer interferência em um trabalho de cerâmica seu...e entre eles estou com o Edu Cardoso ...A exposição ficou muito legal os trabalho também e fica aberto final de semana...A renda vai ser beneficente para o Projeto Mandacaru, que incentiva  a cultura para os menos favorecidos.

Comentou Rosane Gauss

VIDA Rosane Gauss

JORNAL DO GUMA
Da divulgação

NOTA DA CURADORIA

Rosane Gauss, Regina Dabdab, Sandra Barreiro, Glauber Rodram, Odilon Claro, Edu Cardoso, Humberto da Mata e Paula Sousa. 
Antes de começar essa escrita, preciso memorar um pouco sobre o que antecede todo esse desejo que mobiliza a produção da série “Envase” da ceramista Paula Sousa.  E mesmo que imersa na produção de utensílios e desenvolvimento de collabs nesse viés, escapa,nesse fazer, nesse ofício, o desejo de também, mapear os seus afetos.


Paula nasceu em Angola, mas ainda criança, em 1975, seus pais portugueses precisaram fugir em meio à guerra civil e se assentaram em Avaré. Onde vive até hoje.É dado uma coragem aos que vivenciam os horrores de uma guerra,e com ela, forjam capacidades emocionais em modos de sobreviver na construção de novas memórias. 
Envase pode ser um desses modos de captura dos afetos. A cada nova partilha de um encontro, de umlugar, Paula trazliteralmenteconsigo,elementos que possam ser reproduzidos na sua maior beleza,nabeleza do afeto. Envases guardam essas boas memórias, mas também guardam o desejo, um porvir de um novo afeto,como por exemplo,na garrafa Grek,de uma Grécia ainda por conhecer e desvendar. Em “Gota”,nos lembra que é preciso desfrutar dessas memórias até a última gota desses belos encontros que a vidanos oferece. E forammuitasoutras tantaslembrançasdesde então..., todasas garrafas da sérieEnvasesãoacompanhadasde um breve contexto e localização geográfica.O que uma garrafa pode provocar ou suscitarinconscientesdesubjetividades?Para essa primeira edição,Paula Sousadecidiudesafiar 7 convidados para recriarem a partir da garrafaCalle Real,que foi produzidanuma modelagem maior do que a original. E cada um, ao seu modo, interferiu nessa cartografia afetiva de Paula Sousa com novas camadas de subjetividades ou transferindo para o objeto, suas pesquisas individuais. Regina Dabdab interferiu com corais“retirados do fundo do mar”numa exitosa experiência com aimpressora 3D.“Pensei em uma garrafaresgatada do mar e então comecei a grudar corais feitos em 3D eplantas secas”. Daddab marca o tempo, imagina uma memória futura. 
Elementos marinhos subvertem aalusão às garrafas lançadas ao mar com cartas de amor ou pedido de socorro, mas aentender ocampo dosensível da natureza e que não fazemos parte dela, somos também.Seria uma carta de amorpara o mar?
Rosane Gauss, enxergou na matéria dura da cerâmica, o pó que antecedeuao barro,e,seguindo a suapesquisa artística, tratou de ritualizar esse processo do pilar a garrafa, a matéria e transformar em pó, como num (re)elaborar e (re)existir em nossa matéria viva; perceber-se a si mesmo para enfrentar a  impermanência dela. 
Já para Humberto da Mata, modelar o barro é desejo, intuição e liberdadee memorouo seu embate com a argilaenas suas frustações anteriores e por isso,decidiu por manter a garrafa assim,tal qual recebeu.
O desafio o fez transporda sua atual pesquisa, o azul esparramado, escorrido...eparafechar,um elemento sólido, porém,supondo-se gasoso.A garrafa lhe chegou sem indicações ouroteiros, mas sem dúvida,o afetou.O que um paisagista poderia imaginar a não ser inventar um mundo particular?Eles fazem isso com asplantas, não é mesmo?
Para Odilon Claro,a garrafa lhe despertou um desejo anterior quando tempos idos fez um estudo para uma gravura em chapa de cobre, seu material usual em suas esculturas e projetos dejardinagem.Imaginoureproduzir essemesmosonhona garrafa, porém, ao se depararcom amatéria esuas formas, esse mundo lhe rendeuoutrosdevaneios e cresceu. Com o mesmo lápis de cor ea tintananquim usual nos seus projetos,Clarodesenhoue coloriuum mundo sensual e perfeito para ele,porém,lhe escapoualgo do seu inconsciente, diferente de suas figurashumanas comuns nos seus projetos, elas receberam vendas de cobre nos olhos.

Se a série Envase se traduz em memórias, Glauber Rodran funde a cerâmica ao rami e a palha de bambu pousa em forma de borboletaquepara ele, faz uma alusão às relações humanas esuas conexões.Já SandraBarreirousou o coração, elemento bastante utilizado nas suas produções e diz: “é uma das formas quemais gosto de expressar toda minha gratidão pelas parcerias que a vida me proporciona”.Foi bonito ver o artista EduCardoso, sensível ao chamamento da sua conterrânea,trazermemórias deafeto da cidade de Avaré. A garrafa está de ponta cabeça e repleta de elementos da Igreja Matriz de Nossa Senhora das Dores. Diferente das demais, nas mãos dele, perde seu estado original e  se transforma numa torre ou nave produzida com detalhes minuciosos da arquitetura e adornos como vitrais. E aindapodemosver através da janela, o piloto, ou seria o Edu?  Onde guardamos as nossas cartografias pessoais? 
Paula Sousa nos brinda com esse gesto de re (existir) no mundo.

Beth da Mata São Paulo, 03 de novembro de 2023








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