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"OS PRIVILÉGIOS DE UMA GERAÇÃO" Guma Castellucci

MEMÓRIAS DE UM “TIO” – o livro

Autor: Guma Castellucci

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Vou contar como prometi alguns fatos inusitados que me levaram a escolher 1973 como ano base das “Memórias de um tio”. Antes, porém quero relembrar que nesta época tínhamos também aulas de Técnicas Agrícolas onde aprendíamos e tínhamos que fazer de fato canteiros de uma horta que nos obrigava vir à escola todas as tardes para regar os referidos canteiros, de nossa responsabilidade e valia presença e nota. As meninas tinham, no lugar desta, aulas de Economia Doméstica... interessante, pois afinal nos atribuíam algumas responsabilidades e uma visão de vida muito importante.

VEJA A PRIMEIRA PARTE CLIQUE AQUI

Então em 1973... eu estava um tanto deprimido no começo deste ano... é que em 1972, ano anterior, mudei de cidade, fomos embora para uma cidade do Paraná e eu acabei ficando um ano atrás de todos os amigos que me acompanham desde o primeiro ano, pois naquele estado ainda existia o chamado Exame de Admissão, uma espécie de Vestibular para ingressar no Ginásio, que no estado de São Paulo já havia sido abolido. Como eu cheguei fora da época de prestar o referido exame fui obrigado a estudar o quinto ano do primário na escola estadual de uma cidade do Paraná.

Como a experiência profissional de meu pai não deu certa, voltamos naquele mesmo ano, aí “perdi o bonde” e minha turma de antes, do primário na Escola Julieta Trindade Evangelista, já estava na sexta série e eu tive que ingressar na quinta série. Além da decepção de perder meus amigos e pelo sufoco que era para alguém que tinha certa (já confessada) gagueira, fazer amizades novas, o que se alia ao fato de ser muito tímido, ainda deixei lá no Paraná a primeira paixão (totalmente platônica) de minha vida... Maria, ...e vejam bem deixei” sem ao menos ter dado um “lépinho” nela...sabem o que venha a ser “lépinho”??? algo que hoje chamamos de “selinho”. Agora não me perguntem o que seria um “lépe” ...coisa séria... dar um “lépe”, pois era algo que ia além de um beijo... coisas da época lá... no Paraná... Portanto comecei “minha vida de ginasial”, com a citada nova turma com um esforço, para mim, magnânimo. Meu primeiro problema começou com as aulas de Educação Física... o professor Geraldo começou a nos ensinar os primeiros passos para uma formação saudável e atlética... mas que dureza... Gente boa, o grande Geraldo Quartucci, um mestre que respeito até os dias de hoje.

Meu problema, porém é que eu era ruim demais para prática desportiva, não ia, no futebol, nem no vôlei, no basquete, nem pensar e “quebrava o galho” no Handebol, porém mesmo nesta modalidade eu nunca tive o prazer de jogar com meu amigo Gino. Sabem por quê? Os grandes do esporte Taquaritubense, Penna, Tuio, Cassio, Pato, Kamada, Wellington, Fukuda, entre outros, iam escolhendo seus parceiros até que sobravam dois, e
“não sei por que”
eram Gino e eu, que iam para times diferentes. Sem contar os gritos do mestre Geraldo,

“... Castellucci, do jeito que está indo vai ter que jogar na quadra ao lado”

(outra curiosidade da época, a quadra de esportes das meninas era outra, ou seja, faziam Educação Física em separado), um terror para a ideia machista que tomava as cabeças daqueles pré-adolescentes, mas apesar do máximo esforço não adiantava muito, então, ainda bem que o máximo que nos custava era mesmo, "eternamente" o banco de reserva.

Vamos seguir nossa "viagem" em 1974 iniciava sexta série ginasial, na escola poucas mudanças quase que os mesmos amigos, Cecílio, Brizola, Cássio, Penna, Tuio, Brisola, Gino, Flavio Bonilha, Wellington, Pato, Márcia (saudosa), Selma, Sandra, Ednilsa, Nilza, Rosana, Fukuda (saudoso), Takeshi, Davi, Benini, Kamada, Paulinho, João Paulo, Carlos (do Nardo), Ariovaldo, Zoarces, André, Siqueira, Lorenz,  entre tantos outros que “habitavam” uma das salas da Escola Estadual José Penna, na cidade de Taquarituba, poucos professores novos, aulas de francês com o Professor Bragança, um dos professores “mágicos” que tive e olhem só, falando em Francês eu não gaguejava, olha que coisa...Mas sinceramente não percebi isto não, mas anos depois na Faculdade de Direito (minha primeira formação universitária) me foi muito útil esta lembrança, usando o latim (ainda falarei disso)

Nossa professora de Português (“Dona” Sonia) também me ajudou muito no aprendizado das pronuncias de palavras na integra que treinei a exaustão no resto de minha vida e até hoje pronuncio assim para evitar a gagueira. Integrava uma das sextas séries, a Sexta A, período da manhã e entravamos às 7 horas. A rotina descrita no capitulo anterior *(clique aqui) era a mesma, mas estávamos mudando. 

As meninas nos chamavam mais a atenção por se delinearem num corpo, ainda adolescente, mas que já mostravam o perfil das belas mulheres que seriam. Confesso que aí surgiu a minha grande paixão, e veio forte, mas com minha tremenda timidez o máximo que conseguia era vez ou outra ir acompanhando-a a escola, pois morava próximo de minha casa. Lembro-me com saudades em especial das manhãs frias e cheias de neblina que cobriam as ruas, e íamos brincando de filme de terror, embora muito pouco conhecesse deste gênero, mas a minha intenção era mesmo caminhar ao lado da amada... vou ter parar de falar enquanto...a emoção não me permite...aguardem...

Este ano 1974, permitiu logo no final de fevereiro uma das visões mais assustadoras de minha vida, ainda com então 13 anos de idade. Passava as férias, já no finalzinho delas em São Paulo, Capital, quando pegou fogo (no dia estava próximo) o Edifício Joelma na Praça da Bandeira, uma tragédia ainda maior que a do Edifício Andraus, que pegou fogo em 1972.

Pois é amigos, para nós “tios” dá até para imaginar que estamos no “Futuro”, pois afinal os produtos que temos hoje a disposição não eram sequer imaginados por aqueles jovens dos anos 70, 80 do século passado. Pelo menos não de forma tão acessível como temos hoje, pairavam apenas na esfera da ficção cientifica. Eu pelo menos imagino que naquele tempo tudo caminhava mais devagar, pois se demandava um tempo maior, por exemplo, uma ligação telefônica - o máximo da evolução era um telefone em nossas casas. Privilégio de alguns “afortunados” que não precisavam ir ao Centro Telefônico para fazer uma ligação. Puxa vida, lembrei ainda que nessa época tirávamos o fone do “gancho” e ouvíamos a voz da telefonista de plantão, para a qual informávamos o número que desejamos ligar, quando não “... liga na Padaria tal, por favor,”. Pois é somente anos mais tarde surgiam os telefones que faziam as ligações através de um disco numerado, de onde surgiu a expressão “Discar” e os famosos disque (alguma coisa) que hoje deveria ser algo como “tecle pizza” e não “disque” não é? Naquele nosso tempo o passatempo era além de brincadeiras como, queimada, esconde-esconde, amarelinha, bolinha de gude e às vezes um futebol de botão, o máximo da diversão infantil era reunir na casa de um “amigo rico” que tinha uma televisão e que este “mesmo amigo rico” comprou logo no inicio dos anos 70 uma TV em cores, chocante não? E com certeza dormíamos mais e melhor, por exemplo, as meninas só poderiam sair à noite até as “altas 22h00min” depois de “debutarem” no maravilhoso “Baile de Debutantes”, alguém aí se lembra de quantos anos de vida eram necessários para “debutar”?15 anos... Bom, na verdade depois dos 15 já a “molecada” também saia mais de casa, tínhamos algumas importantes atividades sociais, como por exemplo, “brincadeiras dançantes”, não raro ao som de LP ou CD (discos de vinil sendo que os CDs eram compactos com duas músicas (uma de cada lado)), gerados por uma vitrola que já existia em versão portátil e aí ficava mais fácil levar o som para as garagens das nossas casas ou às vezes até mesmo para o depósito (lembram-se disso?), claro que regado a muita “sacanagem” como amasso (bem sutis, geralmente na hora da dança) e alguns “ousados” beijinhos que era o máximo que nos permitíamos não é? Lembro de que uma vez ao tentar “escurecermos” o ambiente um amigo colocou papel em volta da lâmpada e quase provocamos um incêndio sem proporções bem ali na esquina da Cel. João Quintino (Taquarituba), onde tínhamos um espaço legal na casa de um amigo da turma. Tenho que confessar o lado ABSURDO do meu tempo, a “moda” de fumar. Difícil um amigo contemporâneo que não foi fumante, alguns ainda são, como eu por mais de 10 anos, e o vicio foi controlado com uma grande margem de sacrifício que não foi privilegio de muitos, como eu disse, que ainda fumam, vitima do “preconceito ao não fumante” daquela época. Mas reconheço que eram bons tempos, lógico a “vida moderna” tem suas vantagens, mas nada como um resgate das “memórias de um tio” para estabelecer este elo que nossa geração tem com a capacidade de adaptação as novidades da evolução. 
Nenhuma geração, nunca mais um ser vivo dos “tempos modernos” terá a oportunidade de nascer e ter uma certidão de nascimento escrita à mão ou a maquina de escrever e registrar se filho através de um computador. Nunca mais se verá uma evolução tamanha dentro de uma única vida que nos privilegiou (os quarentões e “entões” seguintes) uma visão de entendimento inigualável
Afinal, eu sou do tempo em que chiclete era Ping Pong, Guaraná era “gostoso como um beijo”, provas eram rodadas num mimeógrafo, educação física - as aulas eram duas turmas, a dos meninos e das meninas separadamente. Sou do tempo em que não era ensino médio e sim colegial, antes um pouco, tínhamos que passar pelo ginasial e antes ainda pelo primário quando se prestava Exame de Admissão para provarmos conhecimento suficiente para seguirmos adiante. Os nãos aprovados “ficavam de ano” e tinham que cumprir uma “ano extra” de revisão do aprendizado primário. Vamos pensar um pouco nisso? Não seria uma solução interessante este resgate? mas tem maisssss...muiiiitoooo mais.....

  • Fica para os amigos que lembrarem mais detalhes enviem 14 997746933 ou email drguma@hotmail.com

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