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SOU PRETO E EXIJO MEUS DIREITOS Por Juliano Amaral

Ser preto, em um país com o histórico de racismo e segregações, é um desafio e viver em constante luta contra atos discriminatórios e preconceitos.


E assim, desde de sempre venho me impondo.

Mas, impor-se à condição de preto não pode ser motivo para distorções e corrupção!

E foi com esse sentimento que a ANAN (Associação Nacional dos Advogados Negros), da qual componho o corpo jurídico, empenhou-se contra a iminência de corrupção latente que havia se estabelecido.

Explicando o caso:

O candidato à magistratura Tarcísio Francisco Regiane Junior, que no concurso para o cargo de Juiz no estado do Rio de Janeiro. Para buscar a aprovação do exame, o candidato autodeclarou-se negro, e devido as vagas reservadas à candidatos pretos, conseguira a sua aprovação.

No entanto, o processo de aprovação passou pela comprovação de tal condição, com exame:

“Era para ser uma comissão multidisciplinar e, dos três integrantes, dois não participaram do exame do candidato; e a médica que o examinou, observou apenas seus dedos, não considerando os demais elementos do fenótipo do candidato”, disse o relator da matéria, que defendeu melhor avaliação do pertencimento racial nos concursos, a fim de se evitar fraudes, desvios e deturpações das políticas de cotas raciais no Poder Judiciário.

CNJ mantém decisão que impediu candidato branco em vaga de cotista.(Imagem: Arquivo Pessoal)

 

Vejam que bizarro, eram para ser 3 examinadores, no entanto SOMENTE 1 o avaliou, e pior, viu os dedos do candidato e por isso o aprovou.

Mas, não passou incólume!

Ao conhecer a situação, a entidade rapidamente adentrou com o Procedimento de Controle Administrativo (PCA) de nº 0002371-92.2022.2.00.0000, cuja relatoria foi de Vieita de Mello Filho, que defendeu: São ações voltadas a permitir que mais pessoas tenham acesso a cargos para que possam refletir em mudança da própria representação da sociedade”, disse.

 

E complementou afirmando que a comissão formada pela banca do concurso do TJRJ para analisar o pertencimento racial dos candidatos que concorriam na vaga reservada a pessoas negras estava em desacordo com a própria normativa do Tribunal e com a Lei n. 12.990/2014, que reserva aos negros 20% das vagas oferecidas em concursos públicos na administração pública federal.

 

Uma liminar já havia sido concedida, no entanto, no dia 04 de Outubro desse ano, o processo foi julgado em sessão definitiva e por 9x4, um voto suspenso e outro impedido deu a vitória para a ANAN!!

 

Ufa... dever cumprido!

 

Dr Estevão Silva, presidente da ANAN afirmou:

 

““fraudar as vagas destinadas a negros é corrupção e corrupção é crime! Aqueles que fraudam as cotas precisam ser etiquetados corretamente como criminosos, chega de eufemismo. A ANAN ira acompanhar todos os processos de cotas no Brasil, não apenas nos concursos da magistratura, como também do ministério público, defensorias e até mesmo nas eleições estaduais e federais. Precisamos colocar um fim neste tipo de fraude e corrupção” . E mais: “que indiretamente o CNJ considerou que o fraudador é corrupto. Esta decisão levará um recados a outros concurseiros que, mesmo sem serem negros, estejam pensando em fazer a falsa autodeclaração.”

 

Sendo assim, reafirmo minha negritude e minha luta contra disparidades entre as raças.

Ainda que seja necessário ajuizar 500 ações para exigir o cumprimento das leis, e 500 vezes não obtiver sucesso, não desistirei, pois nessas mesmas 500 oportunidades, terei feito 500 movimentos de luta e resistência.

Não almejo a vitória, almejo o respeito!

Obrigado ANAN, Dr Estevão, Dr Anderson, Dra Milena e todos da ANAN.

 

Juliano Amaral

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